E novamente cá estou eu


O desânimo, o cansaço do ter-que-ser me leva a minha não-rotina constante de fazer o que me sacia, de seguir os meus instintos, de satisfazer minhas necessidades e confrontar meus medos, iluminar todo o meu pensamento recalcado e ser cada vez mais eu, como se minha luta ganhasse algum sentido, meus sentidos acordassem e retomassem um novo dia, cada início, cada ideia iniciada são pontos a meu favor, agora tudo tem sentido, já tenho minha direção!

Sim, tenho tudo aqui, a inspiração, os melhores motivos para o fazer, as capacidades e os meios necessários, mas não faço por falta de vontade, preguiça resistente que se eu deitar agora eu durmo, juro-vos que durmo, o sol está fraco e mais fraco ainda estou eu, já não tenho força, o que me move? 

Talvez eu esteja me superestimando quando falo de mim mesmo, afinal se não realizo meus planos é porque por algum caralho estou ocupada com outras coisas que me desfocam, por eu ainda não ter plena certeza do que eu quero e se realmente quero alguma coisa, eu estou andando em círculos,  estou procrastinando, isto é algo que sou expert em fazer.

E novamente aqui estou, ainda não sei onde quero chegar, até onde posso ir, se algum dia irei ter a certeza absoluta de algo e se um dia irei me afirmar como ser, afirmar e amar a minha vida como algo que eu sempre desejei, sendo que fui arrancado com vida, apenas isso, foi meu erro? O nosso engano?

Seja lá como for, estou aqui, pois é, é aqui que eu estou, seja lá por vontade de quem porque já está mais do que comprovado que por vontade minha não é, entrei no ciclo vicioso da falta, desejando apenas, naufragando na superficialidade do meu ser, sendo que nem fui ainda, muito pior então, nem sou e quero boiar na minha existência, ah eu realmente amo esta minha audácia e se amo algo em mim, estou caminhando para me amar, amar minha vida, aceitá-la e afirmá-la como sendo a melhor possível para mim.

Já que aqui estou, não vou ficar por aqui, sigo em frente, a gente se encontra no fim.